quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Por vezes provocando algum escândalo, OUTRAS VEZES...

Julião Sarmento
Carpe Diem (12), 1998Escultura em resina e fibra de vidro, tecido e madeira
165 x 200 x 200 cm
Cortesia Galeria Pedro Oliveira, Porto

O artista português, Julião Sarmento é um dos artistas portugueses contemporâneos de maior relevo e projecção internacional, tem vindo a conquistar nas últimas duas décadas ,colocando-se, porventura, no lugar do mais internacionalizado artista plástico português do momento.

Quando observamos as obras de Julião Sarmento, quer as mais recentes, quer as obras de início da sua carreira, facilmente verificamos que o artista utiliza um conjunto de temas que se repetem, quase como obsessões que atravessam todo o seu trabalho. Em primeiro lugar o desejo representado nos corpos que, umas vezes de forma explícita, outras subtilmente sugerida, se dirigem aos nossos fantasmas mais recônditos. Desta forma, a obra de Sarmento, dirigindo-se à nossa imaginação, dá um papel extremamente importante ao espectador, fazendo-nos reflectir sobre nós mesmos e os nossos processos psicológicos (construir um universo de imagens que apelam à nossa imaginação e à nossa capacidade ficcional).
O seu percurso desenvolveu-se desde o final dos anos setenta, tendo vindo a utilizar a pintura, a fotografia, o filme e o vídeo, bem como a escultura. Desde o início da sua obra, Julião Sarmento tem uma forte influência cinematográfica e a sua pintura recolhe um carácter fragmentário que a aproxima da imagem cinematográfica. De facto, à semelhança do que acontece no cinema, em que o espectador nunca vê a completude de uma cena.
Em suma, o trabalho de Julião Sarmento representa, sempre um desafio para o espectador, instado a projectar-se no que vê, pronto a ser apanhado na armadilha do voyeurismo. (Voyeurismo é uma prática que consiste num indivíduo conseguir obter prazer sexual através da observação de outras pessoas (o indivíduo não interage com o objeto). Essas pessoas podem estar envolvidas em atos sexuais, nuas, em roupa interior, ou com qualquer vestuário que seja apelativo para o indivíduo em questão, o voyeur)
Mas afinal, essa não é uma armadilha indissociável da nossa vontade de olhar o mundo e os outros?

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